sexta-feira, dezembro 24, 2004
de te reler - o espelho # 12
aqueço a água na bacia de esmalte/tapo-te os olhos para que não me vejas
dispo-te/reencontro a tua pele estriada quebrando-se como escamas de madrepérola
sei que gostas da pequena toalha de linho herança da tua longa infância
com ela te lavo e te esquadrinho/perfumo-te com essência de chá-verde
afago as tuas pernas disformes com a macieza das minhas mãos oleadas
relembrando os dias claros onde nas pedras dos teus anéis luziam
róseas transparências de rubi/sei que me detestas/que te detestas/que as
tuas horas são percursos circulares no planalto de uma almofada de lã
– não te posso prometer nada/nem o fim nem a luz de novas manhãs –
se quiseres comprarei um novo perfume/um óleo de sempre-noiva para as pernas
que ao menos não seja o fétido odor da tua pele putrefacta a guiar-te
neste corredor entre a vida e o espaço rectangular da cama/teu palácio de tortura
dispo-te/reencontro a tua pele estriada quebrando-se como escamas de madrepérola
sei que gostas da pequena toalha de linho herança da tua longa infância
com ela te lavo e te esquadrinho/perfumo-te com essência de chá-verde
afago as tuas pernas disformes com a macieza das minhas mãos oleadas
relembrando os dias claros onde nas pedras dos teus anéis luziam
róseas transparências de rubi/sei que me detestas/que te detestas/que as
tuas horas são percursos circulares no planalto de uma almofada de lã
– não te posso prometer nada/nem o fim nem a luz de novas manhãs –
se quiseres comprarei um novo perfume/um óleo de sempre-noiva para as pernas
que ao menos não seja o fétido odor da tua pele putrefacta a guiar-te
neste corredor entre a vida e o espaço rectangular da cama/teu palácio de tortura