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terça-feira, novembro 30, 2004

o princípio # 26 

afastaram-se os sonhos paralisou em mim a demência
vital
vibrante e assustadora do poema/prumo
ruíram as texturas da noite e
a sensibilidade do cume dos dedos

se calhar fechei a janela cedo demais
talvez não devesse ter jantado

sinto pés a progredir sobre a minha cabeça
se não fossem os cigarros e as suas pontas flamejantes
ornadas pelo som de tambores –
jóias sul-americanas
tambores-jóias - tremendas cabeças sonoras
consumindo-se na turbulência do fio de fumo
teria perdido todas as cópias da minha
memória
talvez isso ainda venha a acontecer esta manhã

uma vez um barco serviu-me de nível entre colunas
estava junto ao tejo
e caía ardendo sobre a barrenta claridade
dos astros e podia nadar
e reacender os cigarros n’água
e ver até o sol em segredo
que a noite é isso
a visão de um sol cego

tudo isso acabou esta noite
os sonhos e o poema transformaram-se em pedra em
escarpas suspensas sem floração possível
espécie de figueira suicidária
tenho os sonhos selados algures
e estou mortalmente exposto
ao olho do sol revelado
à tremenda luz da aurora

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