domingo, novembro 21, 2004
o princípio # 20
I
no sepulcro de vaslav nijinsky
ao redor da oval lápide de granito
estende-se como uma boca de orvalho
uma roseira de rosas apagadas
o cemitério fecha-se na mudez
de um muro
como se estrangulassem ramos ciprestes
erectos
rutilantes
amarram folhas secas ou
cabeças de mulher –
secos e inviolados nós
sob a chapa de granito os mínimos ossos espinhosos
de vaslav
retorcem-se em fúria
envoltos na brancura
do seu último figurino
talvez ainda beije a pele quente de diaghilev
talvez recorde a sua expulsão da vida
eu vejo
os mínimos ossos de vaslav contorcerem-se
na plena sagração deste verão
sem a beleza das suas longas e esguias pernas
sem os beijos das prostitutas francesas
sem deus
II
deito-me sobre a secura da tua sepultura e abraço-te
beijo-te sinto renascer o sangue da grande dor da loucura
juvenil na tua pele apodrecida
amo-te
entrarei contigo no inferno das flores carnívoras
a que vais regressar
juntos assassinaremos ramola
tessa
kyra
todas essas mulheres que passaram por tuas amantes
por tuas filhas
assassinaremos os teus biógrafos
juntos procuraremos o que resta dos olhos de diaghilev
hoje dormirei na memória – n
os sonhos permitidos
vou levar-te de regresso às montanhas da russia
para que possas anunciar sem medo
o ser odioso que sempre foste
amantíssimo rosto
doce rosa
vulva contraindo-se em espasmos de afecto
vaslav nijinsky
eu o juro
na neve da tua grande russia
poderás voltar a viver livre
como um cão estrangulado
sublime animal dançante
ergue-te do húmido subterrâneo
dos que ainda vivem
no sepulcro de vaslav nijinsky
ao redor da oval lápide de granito
estende-se como uma boca de orvalho
uma roseira de rosas apagadas
o cemitério fecha-se na mudez
de um muro
como se estrangulassem ramos ciprestes
erectos
rutilantes
amarram folhas secas ou
cabeças de mulher –
secos e inviolados nós
sob a chapa de granito os mínimos ossos espinhosos
de vaslav
retorcem-se em fúria
envoltos na brancura
do seu último figurino
talvez ainda beije a pele quente de diaghilev
talvez recorde a sua expulsão da vida
eu vejo
os mínimos ossos de vaslav contorcerem-se
na plena sagração deste verão
sem a beleza das suas longas e esguias pernas
sem os beijos das prostitutas francesas
sem deus
II
deito-me sobre a secura da tua sepultura e abraço-te
beijo-te sinto renascer o sangue da grande dor da loucura
juvenil na tua pele apodrecida
amo-te
entrarei contigo no inferno das flores carnívoras
a que vais regressar
juntos assassinaremos ramola
tessa
kyra
todas essas mulheres que passaram por tuas amantes
por tuas filhas
assassinaremos os teus biógrafos
juntos procuraremos o que resta dos olhos de diaghilev
hoje dormirei na memória – n
os sonhos permitidos
vou levar-te de regresso às montanhas da russia
para que possas anunciar sem medo
o ser odioso que sempre foste
amantíssimo rosto
doce rosa
vulva contraindo-se em espasmos de afecto
vaslav nijinsky
eu o juro
na neve da tua grande russia
poderás voltar a viver livre
como um cão estrangulado
sublime animal dançante
ergue-te do húmido subterrâneo
dos que ainda vivem