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terça-feira, novembro 09, 2004

o princípio # 13 

há noites que trazem na boca o sangue das gárgulas e
o ar se exalta como sal espancando dorsos
noctígenas cidades abertas num vapor salivar
espécie de placenta –
reminiscência de orvalho
nuvem térrea

há noites em que o brilho é tão intenso como ventosas
segurando cheiros
e a morte se perfila no esvaimento
das rosas

há noites em que caem astros e os porcos
não dormem nas chafurdas tomados
por uma prodigiosa febre azul
como se tivessem fome de ouro
ou previssem a entrada ritual
de uma faca em dias de fratricídio

há noites sem branco sem vozes sem gato
noites que se edificam rescendentes
armadas com espadas
noites organizadas nas camadas mais altas da atmosfera
preparando cruzadas

e

há noites como esta –
noites cobertor
invadidas por profetas cravando-nos estacas nas patas
noites como esta –
em que se prendem os pulmões e contraem as artérias
noites sem eco sem ácido
noites vácuo para gente confortável

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