sexta-feira, junho 18, 2004
a empresa # 36
"the essential is no longer visible" - Heiner Müller
experimentei o nevoeiro do meu hálito contra
um espelho tríptico num prego
sinto que as manhãs são as mesmas
que os pés descalços no chão frio da tijoleira
sentem o tremor líquido do barro a desfazer-se
o meu rosto fixa-se na janela do meio
aquela reservada à barba a ser retirada
e é como se o mar alastrasse dentro do meu peito
e não é dor
nem sequer uma magnífica lembrança
são as cinzas de todas as coisas que eu sou
na circulação dos pulsos
no sopro dos meus lábios invocadores
no vermelho das palavras necessárias para descolar
os olhos
os dedos
e todos os laços do corpo
como se desfolhasse as pétalas lilases das vestes nesta
quase noite
ilimitada
abrindo-se sobre mim
frente a este espelho ternário
a minha vida é um escorrer de fins a abandonar
lugares
busco o milagre na ponta
aguda
de uma agulha-pêndulo
a circular
experimentei o nevoeiro do meu hálito contra
um espelho tríptico num prego
sinto que as manhãs são as mesmas
que os pés descalços no chão frio da tijoleira
sentem o tremor líquido do barro a desfazer-se
o meu rosto fixa-se na janela do meio
aquela reservada à barba a ser retirada
e é como se o mar alastrasse dentro do meu peito
e não é dor
nem sequer uma magnífica lembrança
são as cinzas de todas as coisas que eu sou
na circulação dos pulsos
no sopro dos meus lábios invocadores
no vermelho das palavras necessárias para descolar
os olhos
os dedos
e todos os laços do corpo
como se desfolhasse as pétalas lilases das vestes nesta
quase noite
ilimitada
abrindo-se sobre mim
frente a este espelho ternário
a minha vida é um escorrer de fins a abandonar
lugares
busco o milagre na ponta
aguda
de uma agulha-pêndulo
a circular