quarta-feira, maio 19, 2004
a empresa # 9
"the essential is no longer visible" - Heiner Müller
toco os rostos assombrados pelo esquecimento das pedras
dos arados
das mãos indelicadas
e canções do ar louvando safiras
toco rostos assombrados pela culpa
pelo acto desculpado
pela mágoa desculpada do acto
infiltrados odores de promessa
atravessada expressão de doença e refúgio
toco as pernas quentes de um pensamento ósseo
a carne separadamente
árvore esgotada circular e olhos vendados
tiro folhas de plátano do meu peito como se cantasse
e jurasse espantos
espasmos
lagos
rios
e caísse dos fenómenos
e me levantasse feliz por ter amado de verdade
uma vez
todo um dia
abrindo a boca e tocando perante deus a face
sirene de sileno
como desejava quebrar um espelho onde me reflectisse
como desejava quebrar a imagem cristalizada de um dia criminoso
sentir a condenação
por fim
a carne separadamente
chegar ao fim
dizer passou
à minha volta rostos mar de pequenos infernos
de permanentes interrupções
ruídos como ataques de aranhas
à minha volta a brutalidade máxima de um dia masculino
a vergar na impossibilidade
na marcha de cinzas de um peixe em combustão
toco o pano da minha idade
bordo o lenço e o som deste tempo
sentindo irreversível
o meu peso
a sonhar
toco os rostos assombrados pelo esquecimento das pedras
dos arados
das mãos indelicadas
e canções do ar louvando safiras
toco rostos assombrados pela culpa
pelo acto desculpado
pela mágoa desculpada do acto
infiltrados odores de promessa
atravessada expressão de doença e refúgio
toco as pernas quentes de um pensamento ósseo
a carne separadamente
árvore esgotada circular e olhos vendados
tiro folhas de plátano do meu peito como se cantasse
e jurasse espantos
espasmos
lagos
rios
e caísse dos fenómenos
e me levantasse feliz por ter amado de verdade
uma vez
todo um dia
abrindo a boca e tocando perante deus a face
sirene de sileno
como desejava quebrar um espelho onde me reflectisse
como desejava quebrar a imagem cristalizada de um dia criminoso
sentir a condenação
por fim
a carne separadamente
chegar ao fim
dizer passou
à minha volta rostos mar de pequenos infernos
de permanentes interrupções
ruídos como ataques de aranhas
à minha volta a brutalidade máxima de um dia masculino
a vergar na impossibilidade
na marcha de cinzas de um peixe em combustão
toco o pano da minha idade
bordo o lenço e o som deste tempo
sentindo irreversível
o meu peso
a sonhar