quinta-feira, maio 20, 2004
a empresa # 11
"the essential is no longer visible" - Heiner Müller
sinto-me com saúde (até tenho medo de o dizer)
invocando o espírito da tua presença meu irmão
meu doce rapaz loução
que rasgava romãs com os dentes
sangrando sementes e sucos inaugurais
de novas estações
a tua presença invocada é tão preciosa meu querido homem
é como se tocasses pianos em mim
como se abraçasses cordas musicais à minha volta
e
me torturasses a cintura
o lábio
como desejava rezar contigo de novo
aprender aquelas palavras farpadas pela primeira vez
enrolá-las na língua
caminhar nas margens dessa cidade ariana
que conquistaste aos abutres de lisboa
num tempo sem noiva
sem jornal
sem estrada
sem vertical
este sentir-me são depende de ti
meu irmão arredondado, esplêndido, espantado, arado e fundamental
vejo-te ameaçado pela falta de cores
pelo fim de agosto
pelo fim de ver-te
e não há árvore ou espasmo de santidade
que te faça continuar
já não te tenho senão em invocação
e é por isso que me posso desligar das tuas mãos
relembrar-te num retrato
engolir-te luxo na minha falta de boca
não penses mais em mim
– quero ainda dizer-te
sinto-me com saúde (até tenho medo de o dizer)
invocando o espírito da tua presença meu irmão
meu doce rapaz loução
que rasgava romãs com os dentes
sangrando sementes e sucos inaugurais
de novas estações
a tua presença invocada é tão preciosa meu querido homem
é como se tocasses pianos em mim
como se abraçasses cordas musicais à minha volta
e
me torturasses a cintura
o lábio
como desejava rezar contigo de novo
aprender aquelas palavras farpadas pela primeira vez
enrolá-las na língua
caminhar nas margens dessa cidade ariana
que conquistaste aos abutres de lisboa
num tempo sem noiva
sem jornal
sem estrada
sem vertical
este sentir-me são depende de ti
meu irmão arredondado, esplêndido, espantado, arado e fundamental
vejo-te ameaçado pela falta de cores
pelo fim de agosto
pelo fim de ver-te
e não há árvore ou espasmo de santidade
que te faça continuar
já não te tenho senão em invocação
e é por isso que me posso desligar das tuas mãos
relembrar-te num retrato
engolir-te luxo na minha falta de boca
não penses mais em mim
– quero ainda dizer-te