terça-feira, maio 11, 2004
DOL-U-RON Forte # 40
"the essential is no longer visible" - Heiner Müller
sei que não sou um campo de flores
nem uma casa que te possa acolher -
- uma casa-templo –
que te trouxesse a paz do fim da vida
nem sou culpa, nem esquecimento
não sou o animal que tu esperaste
nem o homem que julgaste amar
meus irmãos esqueceram-se do meu aniversário
na realidade
(numa das realidades terrestres que habito)
nunca tive uma data para renascer
uma data para a noção de ser filho
e agora as tardes são curtas e as noites inexistentes
não sou um campo de flores
sou
uma coisa que se anima ao sol
e à passagem das coisas puras pelo corpo
se contasse os ossos do meu corpo
só me faltariam os ossos do coração
sou uma vida quase masculina
a extasiar-se
um espelho de pérolas brancas
um colar de frutos
a transpirar álcool
sou uma ideia , um pedaço de carne a balbuciar palavras de amor
não te posso beijar outra vez
não te sei olhar com a doçura do exemplo
o meu corpo estende-se agora como
uma
força desvairada
de cansaço
a querer-te, impotente, sempre
sei que não sou um campo de flores
nem uma casa que te possa acolher -
- uma casa-templo –
que te trouxesse a paz do fim da vida
nem sou culpa, nem esquecimento
não sou o animal que tu esperaste
nem o homem que julgaste amar
meus irmãos esqueceram-se do meu aniversário
na realidade
(numa das realidades terrestres que habito)
nunca tive uma data para renascer
uma data para a noção de ser filho
e agora as tardes são curtas e as noites inexistentes
não sou um campo de flores
sou
uma coisa que se anima ao sol
e à passagem das coisas puras pelo corpo
se contasse os ossos do meu corpo
só me faltariam os ossos do coração
sou uma vida quase masculina
a extasiar-se
um espelho de pérolas brancas
um colar de frutos
a transpirar álcool
sou uma ideia , um pedaço de carne a balbuciar palavras de amor
não te posso beijar outra vez
não te sei olhar com a doçura do exemplo
o meu corpo estende-se agora como
uma
força desvairada
de cansaço
a querer-te, impotente, sempre