quarta-feira, março 10, 2004
destino singular
"the essential is no longer visible" - Heiner Müller
"Se eu tive um destino singular, na modéstia que todos temos um único, original e nosso, muito nosso e apenas isso, mas repito: se, em comparação com muita gente que me rodeia, lhe posso ainda, aqui comigo e nas histórias lendárias ou veras que de mim contam (algumas tenho ouvido, espantado sem acreditar; doutras nem já me lembrava mas foram mesmo), esse meu destino, é singular; porque será? Interrogo (-me) e não sou capaz, não lhe (me) sei responder. A dornça em pequeno? a devoradora leitura, alargando uma imaginação já de si exagerada, neurótica? uma degenerscência familiar de que fiz bastante para me salvaguardar, procurando outros rumos, novos projectos, caras felizes? um acentuado pendor para a contradição ou atenção crítica que começa no querer ver como é, saber ouvir, ler muito e variado, e desconfiando sempre? Porque desconfio, duvido, amontoando hipóteses, alterando dados na aparência irrefutáveis e, em frieza quase absoluta, distinguindo os meus sentimentos ternos pelas pessoas da análise implacável do que elas são ou de como as queria? e repelindo-as ou chegando-me a elas, na convivência forçada ou fascinante que temos de aceitar com o Outro?
Conheço-me? não me conheço? estou baralhado de todo?
Ou fui sempre "
Luiz Pacheco
"Se eu tive um destino singular, na modéstia que todos temos um único, original e nosso, muito nosso e apenas isso, mas repito: se, em comparação com muita gente que me rodeia, lhe posso ainda, aqui comigo e nas histórias lendárias ou veras que de mim contam (algumas tenho ouvido, espantado sem acreditar; doutras nem já me lembrava mas foram mesmo), esse meu destino, é singular; porque será? Interrogo (-me) e não sou capaz, não lhe (me) sei responder. A dornça em pequeno? a devoradora leitura, alargando uma imaginação já de si exagerada, neurótica? uma degenerscência familiar de que fiz bastante para me salvaguardar, procurando outros rumos, novos projectos, caras felizes? um acentuado pendor para a contradição ou atenção crítica que começa no querer ver como é, saber ouvir, ler muito e variado, e desconfiando sempre? Porque desconfio, duvido, amontoando hipóteses, alterando dados na aparência irrefutáveis e, em frieza quase absoluta, distinguindo os meus sentimentos ternos pelas pessoas da análise implacável do que elas são ou de como as queria? e repelindo-as ou chegando-me a elas, na convivência forçada ou fascinante que temos de aceitar com o Outro?
Conheço-me? não me conheço? estou baralhado de todo?
Ou fui sempre "
Luiz Pacheco