sábado, janeiro 17, 2004
évoramoda 1 - vivárua 0 - Por João Sérgio Palma
évoramoda 1 - vivárua 0
como se mede o nível cultural duma população?
pelo número de espectáculos a que assiste?
pela sua qualidade?
pelo cinema que vê?
pelas exposições que visita?
pelos livros que lê?
chega?
ou será que nos esquecemos de alguma coisa?
o que eu gostava mesmo era de reflectir no que realmente nunca está nas listas do poder como prioridade mas que seria, no estado em que estamos, o único objectivo válido: a educação artística das populações. o resto vem por acréscimo, por necessidade.
para que servia ter o vivárua no verão de évora, a trazer muitos e bons artistas de todo o mundo à praça, quando todo o ano nem cheiro de arte nas colectividades de bairro, nas casas do povo das freguesias rurais, onde o único cheiro que se propaga diariamente é o do empobrecimento geral.
e que relação se pode esperar que exista entre uma população e os produtos artísticos, quando cada vez mais se difunde a ideia de que arte é fama, o artista é um ídolo, de preferência bom para comer?
e também: cada vez me interessa menos assistir ao espectáculo do virtuoso, se isso não representa o topo de uma pirâmide que seria uma sociedade onde todos vivem, aprendem e discutem a arte desde a infância.
e ainda: cada vez me enjoa mais o teatro feito da grande dramatúrgia, seja ela clássica ou contemporânea, se o facto de ela existir ecenada hoje não representa o cume da montanha de gente a viver o teatro como expressão de si própria.
talvez por isto tudo chegue a pensar que antes o évoramoda ao vivárua, porque nem um nem outro fazem o trabalho essencial de desenvolvimento cultural, com uma clara desvantagem para o vivárua, que poderá mais facilmente causar a ilusão de que sim...
João Sérgio Palma
como se mede o nível cultural duma população?
pelo número de espectáculos a que assiste?
pela sua qualidade?
pelo cinema que vê?
pelas exposições que visita?
pelos livros que lê?
chega?
ou será que nos esquecemos de alguma coisa?
o que eu gostava mesmo era de reflectir no que realmente nunca está nas listas do poder como prioridade mas que seria, no estado em que estamos, o único objectivo válido: a educação artística das populações. o resto vem por acréscimo, por necessidade.
para que servia ter o vivárua no verão de évora, a trazer muitos e bons artistas de todo o mundo à praça, quando todo o ano nem cheiro de arte nas colectividades de bairro, nas casas do povo das freguesias rurais, onde o único cheiro que se propaga diariamente é o do empobrecimento geral.
e que relação se pode esperar que exista entre uma população e os produtos artísticos, quando cada vez mais se difunde a ideia de que arte é fama, o artista é um ídolo, de preferência bom para comer?
e também: cada vez me interessa menos assistir ao espectáculo do virtuoso, se isso não representa o topo de uma pirâmide que seria uma sociedade onde todos vivem, aprendem e discutem a arte desde a infância.
e ainda: cada vez me enjoa mais o teatro feito da grande dramatúrgia, seja ela clássica ou contemporânea, se o facto de ela existir ecenada hoje não representa o cume da montanha de gente a viver o teatro como expressão de si própria.
talvez por isto tudo chegue a pensar que antes o évoramoda ao vivárua, porque nem um nem outro fazem o trabalho essencial de desenvolvimento cultural, com uma clara desvantagem para o vivárua, que poderá mais facilmente causar a ilusão de que sim...
João Sérgio Palma