sexta-feira, janeiro 09, 2004
às vezes ponho-me a pensar... por João Sérgio Palma
às vezes ponho-me a pensar...
quando vejo passar um autocolante “ORGULHO DE SER ALENTEJANO” colado nas traseiras de mais um automóvel, penso na pessoa que o colou: o que a moveu? Que interesse sentiu? A felicidade que experimentou...
O orgulho... ao longo da vida sentimo-lo, quando a nossa mãe é a maior, quando somos capazes pela primeira vez, quando vemos os nossos filhos a serem-no. Mas é como a Coca-Cola: sabe bem mas não alimenta e em excesso (incha o ego) fura a tripa.
E depois ele há-o às carradas: o americano, o católico romano, o da pátria de Camões, o do bairro, o da rua, o dos sapatos novos. Se tivéssemos que colar autocolantes por todos os que nos assolam...
Voltando a esta coisa que é ter ORGULHO POR TER NASCIDO DO LADO ESQUERDO DUM RIO, até se torna compreensível quando esse lado, à esquerda de quem desliza pela corrente, é pobre, abusado, devastado e onde a auto-estima dos indígenas às vezes toca o sub-solo. Talvez seja uma boa maneira de a elevar.
Porque no fundo este autocolante é só uma outra forma de dizer: “Não tenho vergonha de ser personagem de anedota!”
Bem, para simplificar, e porque as bandeiras do orgulho de uns fazem surgir e irritam o orgulho nos outros, atrevia-me a sugerir alternativas mais light: é tão giro haver alentejanos / ser alentejano é ser mais pobre / ser humano, ser americano ou ser alentejano eis a questão / se um alentejano incomoda muita gente... / alentejanos de todos os países, uní-vos!
João Sérgio Palma
quando vejo passar um autocolante “ORGULHO DE SER ALENTEJANO” colado nas traseiras de mais um automóvel, penso na pessoa que o colou: o que a moveu? Que interesse sentiu? A felicidade que experimentou...
O orgulho... ao longo da vida sentimo-lo, quando a nossa mãe é a maior, quando somos capazes pela primeira vez, quando vemos os nossos filhos a serem-no. Mas é como a Coca-Cola: sabe bem mas não alimenta e em excesso (incha o ego) fura a tripa.
E depois ele há-o às carradas: o americano, o católico romano, o da pátria de Camões, o do bairro, o da rua, o dos sapatos novos. Se tivéssemos que colar autocolantes por todos os que nos assolam...
Voltando a esta coisa que é ter ORGULHO POR TER NASCIDO DO LADO ESQUERDO DUM RIO, até se torna compreensível quando esse lado, à esquerda de quem desliza pela corrente, é pobre, abusado, devastado e onde a auto-estima dos indígenas às vezes toca o sub-solo. Talvez seja uma boa maneira de a elevar.
Porque no fundo este autocolante é só uma outra forma de dizer: “Não tenho vergonha de ser personagem de anedota!”
Bem, para simplificar, e porque as bandeiras do orgulho de uns fazem surgir e irritam o orgulho nos outros, atrevia-me a sugerir alternativas mais light: é tão giro haver alentejanos / ser alentejano é ser mais pobre / ser humano, ser americano ou ser alentejano eis a questão / se um alentejano incomoda muita gente... / alentejanos de todos os países, uní-vos!
João Sérgio Palma