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segunda-feira, janeiro 05, 2004

HORA DA FÉNIX 42 

"O fumo do meu lar, nas tardes nervosas de Outono, parece animado duma louca inspiração escultora de anjos e fantasmas." - Teixeira de Pascoaes

Diário de Imagens "Saudades de Antero"

onde estás sorriso das manhãs? onde estão margens de um rio?
sabem que évora tem um rio, um rio seco, um rio onde não marcham correntes nem contra-conrrentes. um rio sem marés nem pontes. ainda assim já ali se encontraram animais pré-históricos, vivos. sim, um crocodilo. um crocodilo de verdade. com dentes e coração, com cauda e tristezas. um crocodilo australiano. sete metros e tal de animal. fora abandonado por um circo, o croco estava doente, pensavam que ia morrer, diziam os “tratadores”, os carrascos. mas o animal sobreviveu num rio sem água, num rio de lixo e moscas febris.

no fundo, todos nos sentimos assim nesta cidade: crocodilos num rio sem água doce. dizem-me para quê sofrer se há fontes. há fontes sim, de pedra mármore e água canalizada. “penteiam-nos os crânios ermos com as cabeleiras dos avós ”*.

onde estão madrugadas de oração e nevoeiro? onde estás évora vista de lisboa, serena e branca?

* natália correia

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