segunda-feira, dezembro 29, 2003
HORA DO DIABO 44 - Lisboa
"O fumo do meu lar, nas tardes nervosas de Outono, parece animado duma louca inspiração escultora de anjos e fantasmas." - Teixeira de Pascoaes
IMAGEM
...é bom andar em lisboa e recordar as felicidades e os desgostos, ligando-os [re-ligar(e)] a esquinas, jardins, prédios, centros comerciais. é bom olhar o tejo e sentir o gosto de lágrimas antigas. lisboa oferece-nos uma história. a nossa história. nem todas as cidades são assim, por muitos anos que as tenhamos habitado. lisboa é senhora de poderosos sortilégios...
...quando era criança, os cabeleireiros ostentavam maravilhosos secadores de pé, estilo anos 50, sob os quais mulheres de todas as idades cozinhavam as cabeças, previamente espetadas com uns ganchos-agulha prendendo ao cabelo rolos azuis claros, verdes e cor-de-rosa. passei muitas tardes a ver a cabeça de uma criada da minha avó assando em lume brando...
...hoje dei com secador antigo, no lixo, ao pé do arco do cego. belíssimo, um belo naco de nostalgia. aquilo deve valer uma fortuna de dinheiro (claro que os proprietários, nem sonham). mais, vale a memória de toda uma infância vivida nesta cidade...
...ao ver aquele secador perdido no lixo, revivi, frame by frame, momentos inesquecíveis de tagarelice e má língua. revisitei os rostos de todas as criadas das avenidas novas, até lhes senti o cheiro a perfume colonial e sabão desinfectante...
...como desejei ter força para arrastar aquele secador-de-cabeças-e-cabelos-de-criada...
...talvez tenha tido uma infância engraçada a avaliar pelas recordações...
...talvez...
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...é bom andar em lisboa e recordar as felicidades e os desgostos, ligando-os [re-ligar(e)] a esquinas, jardins, prédios, centros comerciais. é bom olhar o tejo e sentir o gosto de lágrimas antigas. lisboa oferece-nos uma história. a nossa história. nem todas as cidades são assim, por muitos anos que as tenhamos habitado. lisboa é senhora de poderosos sortilégios...
...quando era criança, os cabeleireiros ostentavam maravilhosos secadores de pé, estilo anos 50, sob os quais mulheres de todas as idades cozinhavam as cabeças, previamente espetadas com uns ganchos-agulha prendendo ao cabelo rolos azuis claros, verdes e cor-de-rosa. passei muitas tardes a ver a cabeça de uma criada da minha avó assando em lume brando...
...hoje dei com secador antigo, no lixo, ao pé do arco do cego. belíssimo, um belo naco de nostalgia. aquilo deve valer uma fortuna de dinheiro (claro que os proprietários, nem sonham). mais, vale a memória de toda uma infância vivida nesta cidade...
...ao ver aquele secador perdido no lixo, revivi, frame by frame, momentos inesquecíveis de tagarelice e má língua. revisitei os rostos de todas as criadas das avenidas novas, até lhes senti o cheiro a perfume colonial e sabão desinfectante...
...como desejei ter força para arrastar aquele secador-de-cabeças-e-cabelos-de-criada...
...talvez tenha tido uma infância engraçada a avaliar pelas recordações...
...talvez...