sexta-feira, dezembro 05, 2003
HORA DO DIABO 23
"queria de ti um país de bondade e de bruma/queria de ti o mar de uma rosa de espuma" - Mário Cesariny
Diário de Imagens "Saudades de Antero"
JESUS POBREZINHO
Romance Popular
Recolha de Antero de Quental
"Vindo um lavrador da arada,
Encontrou um pobrezinho;
O pobrezinho lhe disse:
- Tenho fome e tenho frio;
Lavrador, por Deus te peço,
Leva-me no teu carrinho. -
Deu-lhe a mão o lavrador,
No carro já metia;
À sua casa o levava,
à sua melhor sala que tinha.
Mandou-lhe fazer a ceia,
Do melhor manjar que havia;
Sentou-o à sua mesa,
Coa sua mão o servia,
Mandou-lhe fazer a cama,
Da melhor roupa que tinha;
Por baixo damasco roxo,
Por cima cambraia fina.
Era meia-noite em ponto,
O pobrezinho gemia.
Levantou-se o lavrador,
A ver o que o pobre tinha;
Deu-lhe o coração um baque,
Achou-o crucificado
Numa cruz de prata fina!
- Meu Senhor, quem tal soubera,
Que em minha casa vos tinha...
Mandara fazer preparos,
Do melhor que nela havia;
Mandara fazer preparos,
Do melhor que se acharia...
- Cala, cala ó lavrador,
Não fales com fantasia...
No céu te tenho guradada
Cadeira de prata fina;
Tua mulher a teu lado,
Que também o merecia."
Diário de Imagens "Saudades de Antero"
JESUS POBREZINHO
Romance Popular
Recolha de Antero de Quental
"Vindo um lavrador da arada,
Encontrou um pobrezinho;
O pobrezinho lhe disse:
- Tenho fome e tenho frio;
Lavrador, por Deus te peço,
Leva-me no teu carrinho. -
Deu-lhe a mão o lavrador,
No carro já metia;
À sua casa o levava,
à sua melhor sala que tinha.
Mandou-lhe fazer a ceia,
Do melhor manjar que havia;
Sentou-o à sua mesa,
Coa sua mão o servia,
Mandou-lhe fazer a cama,
Da melhor roupa que tinha;
Por baixo damasco roxo,
Por cima cambraia fina.
Era meia-noite em ponto,
O pobrezinho gemia.
Levantou-se o lavrador,
A ver o que o pobre tinha;
Deu-lhe o coração um baque,
Achou-o crucificado
Numa cruz de prata fina!
- Meu Senhor, quem tal soubera,
Que em minha casa vos tinha...
Mandara fazer preparos,
Do melhor que nela havia;
Mandara fazer preparos,
Do melhor que se acharia...
- Cala, cala ó lavrador,
Não fales com fantasia...
No céu te tenho guradada
Cadeira de prata fina;
Tua mulher a teu lado,
Que também o merecia."