segunda-feira, dezembro 01, 2003
HORA DO DIABO 19 - Papa Fidel
"queria de ti um país de bondade e de bruma/queria de ti o mar de uma rosa de espuma" - Mário Cesariny
Diário de Imagens “Saudades de Antero”
Em Janeiro de 1998, uma rádio portuguesa, emitiu um dois mais belos textos da história da telefonia sem fios.
Nessa manhã de Janeiro de 98, aos microfones da TSF, Fernando Alves, leu “Outono dos Patriarcas”. Quando se canta com tamanha perfeição, quando nos sentimos assim elevados ao que em nós é puro e verdadeiro, quando as palavras são como Bach, quando a música se espalha nas veias e nos deixamos contaminar, como nessa manhã, a gratidão que sentimos pela vida é tanta que passados estes anos a bênção ainda perdura.
“Sinais”
“O OUTONO DOS PATRIARCAS”
Por Mestre Fernando Alves
“Cinco minutos antes das quatro da tarde, que canta o mar em Cayo Largo?
Que odores empurra o vento em Pinar del Rio?
Os dois patriarcas já se cumprimentaram, une-os o intimo desejo de que o Outono não dispa o seu esplendor, são tão irmãs a fé e a revolução, tão siamesas na celebração dos mistérios.
Como dirão, estes homens, em privado, o peso do fardo que carregam?
O de branco e o outro que hoje, não vestiu a farda verde oliva. Patriarcas partilhando os seus Outonos. Vozes tão embargadas de futuro, tão pouco já o tempo para abrir tanto fechamento ao mundo.
Cinco minutos antes das quatro da tarde, o homem de branco vai debruçar-se sobre o pulso do homem de longas barbas que hoje não vestiu a farda verde oliva. O das longas barbas inclina-se, levemente. O de branco, que tanto se ocupa da eternidade e dos mistérios do tempo perguntará ao outro, talvez: «Que horas são, no teu pais?».
Que metáfora da tirania do tempo há neste instante suspenso em que o papa vê as horas pelo relógio de Fidel? É já pouco o tempo, qualquer deles poderia ter dito, no desconforto do Outono dos patriarcas, é já pouco o tempo.
Imaginamo-los, a sós, discorrendo sobre o princípio e o fim.
Sobre se chegará esse lugar, no fim do tempo, em que as tábuas da lei, da fé e da revolução estarão consumadas.
«Teremos diante dos nossos olhos a terra prometida que ambos anunciamos?».
Eis o que um gesto apenas sugere: a breve história do tempo no aeroporto de Havana.”
Diário de Imagens “Saudades de Antero”
Em Janeiro de 1998, uma rádio portuguesa, emitiu um dois mais belos textos da história da telefonia sem fios.
Nessa manhã de Janeiro de 98, aos microfones da TSF, Fernando Alves, leu “Outono dos Patriarcas”. Quando se canta com tamanha perfeição, quando nos sentimos assim elevados ao que em nós é puro e verdadeiro, quando as palavras são como Bach, quando a música se espalha nas veias e nos deixamos contaminar, como nessa manhã, a gratidão que sentimos pela vida é tanta que passados estes anos a bênção ainda perdura.
“Sinais”
“O OUTONO DOS PATRIARCAS”
Por Mestre Fernando Alves
“Cinco minutos antes das quatro da tarde, que canta o mar em Cayo Largo?
Que odores empurra o vento em Pinar del Rio?
Os dois patriarcas já se cumprimentaram, une-os o intimo desejo de que o Outono não dispa o seu esplendor, são tão irmãs a fé e a revolução, tão siamesas na celebração dos mistérios.
Como dirão, estes homens, em privado, o peso do fardo que carregam?
O de branco e o outro que hoje, não vestiu a farda verde oliva. Patriarcas partilhando os seus Outonos. Vozes tão embargadas de futuro, tão pouco já o tempo para abrir tanto fechamento ao mundo.
Cinco minutos antes das quatro da tarde, o homem de branco vai debruçar-se sobre o pulso do homem de longas barbas que hoje não vestiu a farda verde oliva. O das longas barbas inclina-se, levemente. O de branco, que tanto se ocupa da eternidade e dos mistérios do tempo perguntará ao outro, talvez: «Que horas são, no teu pais?».
Que metáfora da tirania do tempo há neste instante suspenso em que o papa vê as horas pelo relógio de Fidel? É já pouco o tempo, qualquer deles poderia ter dito, no desconforto do Outono dos patriarcas, é já pouco o tempo.
Imaginamo-los, a sós, discorrendo sobre o princípio e o fim.
Sobre se chegará esse lugar, no fim do tempo, em que as tábuas da lei, da fé e da revolução estarão consumadas.
«Teremos diante dos nossos olhos a terra prometida que ambos anunciamos?».
Eis o que um gesto apenas sugere: a breve história do tempo no aeroporto de Havana.”