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quinta-feira, dezembro 04, 2003

HORA DA FÉNIX 21 

"queria de ti um país de bondade e de bruma/queria de ti o mar de uma rosa de espuma" - Mário Cesariny

Diário de Imagens "Saudades de Antero"

Stand-Up Tregedy

Stand-Up Tregedy, é um grande espectáculo e os seus autores e actor, excelentíssimos desafiadores. Três lutadores. Stand-Up Tregedy é um combate.

Pensamos estar sentados em segurança nas fofas cadeiras do Maria Matos, pensamos: «Porreiro, vamos rir, vamos passar um bocado, divertidos». Já sabíamos que tudo o que ali se passasse seria pura inteligência, experiência e profissionalismo. Assim é, mas desenganem-se se pensam que se vão sentir confortáveis no riso e no choro. Em Stand-Up Tregedy, ri-se, mas com um aperto no coração,.Chora-se, mas com um aperto no estômago. É impossível a indiferença. Ou não se aguenta e se sai a meio, ou deixamo-nos levar por aquele turbilhão de interpelações. Somos obrigados a responder. Não se consegue um olhar passivo. Somos arrebatados por uma avalanche de emoções que nos fazem sofrer, que nos obrigam a mergulhar no que em nós normalmente não queremos enfrentar, mas também nos trazem momentos de profunda alegria e comoção.

Durante o espectáculo nós somos o “Ricardo Magalhães”, mas também o fã que ele não consegue fazer rir. Que bom um espectáculo que nos bate em cheio na tromba. Que bate em cheio na tromba de todos estes trastes que em Portugal quiseram inventar a moda do Stand-Up Comedy, e que mais não fazem do que se peidarem. Que bom este soco nas trombas dos adormecidos consumidores das agendas culturais: os espectadores.

Se por um lado Tiago Rodrigues, Luís Filipe Borges e Nuno Costa Santos, são herdeiros da genialidade pioneira de Herman José (quando ainda…), por outro são continuadores de uma nova maneira de fazer teatro “face-to-face”, não com espectadores, mas com PÚBLICO, de que durante os anos 70 e 80 Mário Viegas foi príncipe-regente. Agora está nas mãos destes homens – Produções Mundo Perfeito – e destes homens – público, saber dar o passo seguinte. Isso não vai ser fácil. Pior, pode ser fácil demais. Enfim, vai ser uma luta ainda maior.

Para terminar, registo como até a cenografia (que subtilmente parece aludir ao logótipo da AXA – patrocinadora no espectáculo), está isenta de excessos ou de minimalismos gratuitos. Funciona. É mesmo cenografia, um espaço onde decorre uma acção, que serve o espectáculo. E, neste campo, trabalhar Stand-Up Tregedy, não era de todo menos arriscado. Tiago Costa Gonçalves ganhou essa aposta, tornando o espaço cénico uma personagem fundamental do espectáculo.

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