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sábado, novembro 15, 2003

Osvaldo Maggi - Cómico Ambulante-Aprendiz da Liberdade–Mestre em Liberdade 

Diário de Imagens "Saudades de Antero"

"Até ser possível amar tudo e tudo ser reencontrado por dentro do amor"- Herberto Helder

O texto que se segue foi publicado no jornal "Imenso Sul" em 2000.
Volto a publicar este artigo como se através dele pudesse atenuar as saudades do meu Mestre, Osvaldo Maggi. Cómico ambulante, músico, actor, Mestre de Sabedoria. Os seus ensinamentos são o espelho da bondade e da compaixão.

"Durante estes últimos meses, esteve em Évora, preparando um espectáculo com a companhia PIM-Teatro, o actor, músico e palhaço ambulante argentino, Osvaldo Maggi. Durante os meses em que cá esteve participando na concepção do espectáculo “Maravilha que Maravilha”, vivi com a sua presença uma aprendizagem profunda de humanidade, que, agora que ele partiu, e muito dificilmente lerá este texto, partilho convosco.

Aparentemente podemos pensar que os tempos surrealistas que vivemos, são irremediavelmente, os piores tempos que jamais se viveram. Se calhar até é verdade, avaliando pela quantidade de mesquinhicezinhas com que se constróem os dias do novo/velho milénio. Se calhar até é verdade, se pensarmos na forma hipócrita como viramos costas à vida, aos problemas, como viramos costas a tudo, como se tudo fosse algo exterior a nós.

Pensámos, coitados, que a Liberdade era eterna, que era proibido voltar atrás, que tudo o que é conquista no papel é conquista no ser. Pensámos tanta coisa sobre a Liberdade que deixámos de pensar na Liberdade. E o problema, é que como dizia o outro, a Liberdade é eterna mas só enquanto dura.

De mansinho, muuuuuuuuuito de mansinho, vão –nos querendo quietinhos, vão-nos querendo caladinhos, e ceguinhos e “inhos” vezes mil. Querem-nos pequeninos de tão “inhos”. E a nós francamente, não nos custa nada fazer-lhes a vontade. Se calhar até achamos melhor gritar até perder a voz pela vitória do sporting, ou ir de arrojo a fátima. É que assim como assim, é muito mais fácil o sporting ser campeão, ter fátima no coração e o cérebro flácido na algibeira, que partir desse sofá confortável com vista para a TV Cabo, rumo a um outro mundo que existe, está bem aqui ao nosso lado, é esta Terra, que ao contrário do que possam pensar não é quadrada, nem limitada por fronteiras, por nações, por moedas ou lá o raio que ainda queiram inventar.

Ser livre não é explicável. Ou melhor, ser livre é não ter modelos para a liberdade e seguir andando. É querer conhecer esse ser tão horrível, tão medonho, que nos tira o sono e nos mete medo como um dragão, que somos nós próprios. Olhar, ver, viver, segundo a segundo, a soma de todos os segundos da nossa imortal solidão.

Não sei se alguma vez poderemos ser Livres. Mas, seguramente, podemos ser Aprendizes tenazes dessa utopia.

Esse é o grande exemplo da vida desse homem simples, que caminha sem mapa que não seja o da intuição, ou melhor, sem mapa que não seja a serena voz, sempre murmurada, sempre nítida, do seu Anjo da Guarda.
Osvaldo Maggi, cómico ambulante. Peregrino.

Transcrevo nas linhas que se seguem um poema seu, na língua original em que foi escrito, o castelhano, chama-se “Sigue Andando”. Depois só o silêncio.

“Has llegado hasta aquí / com tu esperanza y tu / cansasio / no son tus piés los que / caminan / es el camino que te va / llevando. / Sigue Andando // En el andar encontrarás / la verdade que vás buscando / más allá del triunfo y del / fracasso /no hay impossibles. / Sigue Andando // El amor es um tesoro / inagotable / y está al alcance de tus / manos / el amor está esperando / Sigue Andando // NO DESESPERES NUNCA / SEMBRADOR SIGUE SEMBRANDO / OUTROS RECORREN EL CAMINO / Y TU CANCIÓN LOS VA GUIANDO / SIGUE ANDANDO."


Frederico Mira George

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