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sexta-feira, novembro 21, 2003

HORA DO ANJO 8  

queria de ti um país de bondade e de bruma/queria de ti o mar de uma rosa de espuma - Mário Cesariny

Diário de Imagens “Saudades de Antero”

“um mínimo ente magnifico
desfolhando relâmpagos
sobre mim.”
Luiza Neto Jorge


A terra trabalhada comove-me até às lágrimas. Percorro, em regresso, as estradas do Alentejo. O cheiro da terra não é um cheiro, é um odor, um perfume de bondade e verdade. A música da terra trabalhada é uma espécie de mantra que se espalha pelo corpo. A terra trabalhada abre-se e fecha-se à chuva como aos homens e mulheres que a trabalham. Seres magníficos, excelsos anjos de coragem ilimitada, intocáveis e absolutos.

A terra não tem propriedade. Não há donos para os torrões húmidos que cobrem o esqueleto do planeta. Há quem pense que sim, que possui o que não é possível possuir. Há quem julgue ter. Que engano! Um dia, quando toda a Terra for arrebatada pela derradeira explosão, pela última tempestade, pelo último sopro de vento, subirá pelo éter a vibração indelével dos ceifeiros, dos espíritos que habitam os lugares mais íntimos do chão. Esse dia chegará, e depois do fim, ressurgirão as árvores de um novo lugar. “Os campos imaginam as suas próprias rosas”*

*Herberto Helder

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