terça-feira, novembro 18, 2003
HORA DO ANJO 5 - Cabe Perguntar
queria de ti um país de bondade e de bruma/queria de ti o mar de uma rosa de espuma - Mário Cesariny
Diário de Imagens “Saudades de Antero”
O “Público” de hoje é indispensável.
Trás dentro uma pérola. Uma folha, frente e verso (páginas 29 e 30), que nos faz tremer o coração de perplexidade.
1.
O CCR5
“VARIOLA PODE TER SIDO ORIGEM DA RESISTÊNCIA GENÉTICA AO HIV”, texto de Clara Barata
Diz-nos o texto, que dez por cento da população europeia tem uma mutação genética que lhe confere resistência à infecção pelo HIV. Ao que parece a origem dessa mutação ainda é desconhecida, mas dois investigadores norte americanos, defendem que a pressão continua da varíola sobre as populações europeias terá siso o factor que levou a uma presença tão espalhada nos europeus actuais deste gene, que por um feliz acaso (acaso?) protege contra uma nova praga: a SIDA.
Esta mutação, numa proteína designada por CCR5, tem que ser muito mais antiga que os primeiros casos de SIDA, que se pensa terem surgido há cerca de 50 anos. Os investigadores Alison Galvani e Mongomery Slatkin, da Universidade da Califórnia, defendem que terá surgido há cerca de 700 anos.
“A noite é o impreciso e escuro purgatório
[…] Mas cabe perguntar: como é que aqui chegamos?” *.
2.
X3D
“KASPAROV VENCE X3D FRITZ E EMPATA CAMPEONATO”, texto não assinado.
Garry Kasparov ganhou no domingo o terceiro de quatro jogos contra um inovador programa de computador. Kasparov bateu o X3D Fritz, um programa que permite observar as jogadas a três dimensões. Depois de um empate e de uma derrota contra a máquina, o campeonato termina hoje em Nova Iorque.
Já sabemos que este neste espectáculo estão envolvidos milhões. Kasparov é também ele uma máquina de fazer dinheiro.
“Mas cabe perguntar”: que novo combate é este que faz correr um homem contra um computador até ao esgotamento físico e psicológico. “Acaso estamos vivos?”*
O xadrez sempre foi um movimento de inteligência, intimo e secreto. Deus e o Diabo, ao que parece costumam jogá-lo. Que luta é esta que se trava aos olhos dos espectadores munidos de óculos de realidade virtual, olhando Kasparov como a mulher das barbas nos velhos circos de aldeia. Nasceu uma nova forma de exploração do “homem elefante”, mas e mais? O que é que realmente está a contecer? Em tudo o que fazemos está o que seremos.
3.
181178
“MAIOR SUICIDIO COLECTIVO ACONTECEU HÁ UM QUARTO DE SÉCULO”, texto de Pedro Ribeiro
A 18 de Novembro de 1978, 914 pessoas cometeram ou foram obrigadas a cometer suicídio em Jonestown, Guiana Francesa, no seio de uma comunidade fundada por Jim Jones.
Jim Jones tinha fundado uma comunidade deniminada Templo do Povo. A determinada altura um congressista americano Leo Ryan, resolveu deslocar-se à Guiana para investigar as práticas de Jones e da sua comunidade. Ryan seguiu acompanhado de mais quatro homens. Todos foram assassinados. Julga-se que Jones terá entrado em pânico (?) e ordenou o “suicídio revolucionário”, colectivo, de todos os seus seguidores, incluindo-se na acção terminal, preparando grandes caldeirões com cianeto.
Alguns terão cometido suicídio voluntariamente, outros terão sido “ajudados”. Ao fim desse dia de 1978, havia 914 cadáveres, mais de duas centenas das vitimas eram crianças. Ao cabo de 25 anos, os acontecimentos de Jonestown ainda não foram completamente esclarecidos.
Ainda hoje há teorias da conspiração sobre o envolvimento da CIA ou de outros grupos norte americanos. O que receava o governo americano? O que é que esteva realmente em causa na acção desta comunidade?
O facto é que estamos permanentemente envolvidos em “operações” de estranhos interesses. O facto é que, por exemplo, uma acção de guerra, num qualquer país do golfo pérsico, pode ser, é com certeza, muito mais que uma barbara ofensiva militar contra um povo inocente.
“Será um sonho absurdo este olhar para dentro
E o nosso destino, só, servir de exemplo
Andamos a fugir à frente desta vida
Mas cabe perguntar: existe uma saída?*
*Citações do poema de José Mário Branco, “A Noite”
Diário de Imagens “Saudades de Antero”
O “Público” de hoje é indispensável.
Trás dentro uma pérola. Uma folha, frente e verso (páginas 29 e 30), que nos faz tremer o coração de perplexidade.
1.
O CCR5
“VARIOLA PODE TER SIDO ORIGEM DA RESISTÊNCIA GENÉTICA AO HIV”, texto de Clara Barata
Diz-nos o texto, que dez por cento da população europeia tem uma mutação genética que lhe confere resistência à infecção pelo HIV. Ao que parece a origem dessa mutação ainda é desconhecida, mas dois investigadores norte americanos, defendem que a pressão continua da varíola sobre as populações europeias terá siso o factor que levou a uma presença tão espalhada nos europeus actuais deste gene, que por um feliz acaso (acaso?) protege contra uma nova praga: a SIDA.
Esta mutação, numa proteína designada por CCR5, tem que ser muito mais antiga que os primeiros casos de SIDA, que se pensa terem surgido há cerca de 50 anos. Os investigadores Alison Galvani e Mongomery Slatkin, da Universidade da Califórnia, defendem que terá surgido há cerca de 700 anos.
“A noite é o impreciso e escuro purgatório
[…] Mas cabe perguntar: como é que aqui chegamos?” *.
2.
X3D
“KASPAROV VENCE X3D FRITZ E EMPATA CAMPEONATO”, texto não assinado.
Garry Kasparov ganhou no domingo o terceiro de quatro jogos contra um inovador programa de computador. Kasparov bateu o X3D Fritz, um programa que permite observar as jogadas a três dimensões. Depois de um empate e de uma derrota contra a máquina, o campeonato termina hoje em Nova Iorque.
Já sabemos que este neste espectáculo estão envolvidos milhões. Kasparov é também ele uma máquina de fazer dinheiro.
“Mas cabe perguntar”: que novo combate é este que faz correr um homem contra um computador até ao esgotamento físico e psicológico. “Acaso estamos vivos?”*
O xadrez sempre foi um movimento de inteligência, intimo e secreto. Deus e o Diabo, ao que parece costumam jogá-lo. Que luta é esta que se trava aos olhos dos espectadores munidos de óculos de realidade virtual, olhando Kasparov como a mulher das barbas nos velhos circos de aldeia. Nasceu uma nova forma de exploração do “homem elefante”, mas e mais? O que é que realmente está a contecer? Em tudo o que fazemos está o que seremos.
3.
181178
“MAIOR SUICIDIO COLECTIVO ACONTECEU HÁ UM QUARTO DE SÉCULO”, texto de Pedro Ribeiro
A 18 de Novembro de 1978, 914 pessoas cometeram ou foram obrigadas a cometer suicídio em Jonestown, Guiana Francesa, no seio de uma comunidade fundada por Jim Jones.
Jim Jones tinha fundado uma comunidade deniminada Templo do Povo. A determinada altura um congressista americano Leo Ryan, resolveu deslocar-se à Guiana para investigar as práticas de Jones e da sua comunidade. Ryan seguiu acompanhado de mais quatro homens. Todos foram assassinados. Julga-se que Jones terá entrado em pânico (?) e ordenou o “suicídio revolucionário”, colectivo, de todos os seus seguidores, incluindo-se na acção terminal, preparando grandes caldeirões com cianeto.
Alguns terão cometido suicídio voluntariamente, outros terão sido “ajudados”. Ao fim desse dia de 1978, havia 914 cadáveres, mais de duas centenas das vitimas eram crianças. Ao cabo de 25 anos, os acontecimentos de Jonestown ainda não foram completamente esclarecidos.
Ainda hoje há teorias da conspiração sobre o envolvimento da CIA ou de outros grupos norte americanos. O que receava o governo americano? O que é que esteva realmente em causa na acção desta comunidade?
O facto é que estamos permanentemente envolvidos em “operações” de estranhos interesses. O facto é que, por exemplo, uma acção de guerra, num qualquer país do golfo pérsico, pode ser, é com certeza, muito mais que uma barbara ofensiva militar contra um povo inocente.
“Será um sonho absurdo este olhar para dentro
E o nosso destino, só, servir de exemplo
Andamos a fugir à frente desta vida
Mas cabe perguntar: existe uma saída?*
*Citações do poema de José Mário Branco, “A Noite”