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sábado, novembro 29, 2003

HORA DA FÉNIX 16 (madrugada) 

queria de ti um país de bondade e de bruma/queria de ti o mar de uma rosa de espuma - Mário Cesariny

Diário de Imagens “Saudades de Antero”

As fadas escondem-se nesta cidade. A neve protege-lhes os abrigos. As fadas contam com as tempestades para se ocultarem sob as casas. À noite saem invisíveis caminhando em passos leves, voadores. Não se deixam tocar pelos humanos como se temessem uma contaminação mortal. As fadas nesta cidade são quase nuvens, quase chuva. São elas que fazem tocar os sinos da catedral. São elas que abrigam os desprezados, são as fadas que acolhem os loucos e os feiticeiros sem poderes. Não tem nomes para que não possam ser nomeadas. As suas mãos curam os doentes, basta um sopro vindo dos seus corações de cristal para que um defunto volte a enfrentar a vida. Debaixo de cada Templo protegem os celebrantes das suas traições à verdade. Fazem os atormentados da culpa escapar às mais terríveis maldições com a bondade dos seus corações quentes. As fadas de Évora transformam-se em árvores, em animais, em pedras. As fadas de Évora são o próprio odor da cidade, são como rosas sacrificadas na cruz, são Cristos com coragem. Quem descobrir o caminho labiríntico que leva às suas moradas será sacrificado com a mudez do segredo, mas jamais conhecerá a tristeza. As fadas de Évora são os anjos luminosos que já não existem.

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