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terça-feira, novembro 25, 2003

Carta de Isabel Nobre Santos 

queria de ti um país de bondade e de bruma/queria de ti o mar de uma rosa de espuma - Mário Cesariny

Uma carta ao mundo e aos seus cidadãos:

"Adorei o zazen da Romã! E quanto ao blog, não há
palavras! Que felicidade haver ainda gente como nós,
que VIVE, que sofre, que dá, que não tem medo...

É uma luz na escuridão de um mundo de "hecatombes" e
morte... É a luz que se destila da alquimia de fazer
NOVO em cada dia, é a luz que nos escorre directamente
da Alma atenta!

Lisboa está cheia de um Sol absolutamente redemptor,
pelo menos tão redemptor quanto a Sagrada Rebeldia de
alguns... Donde estou, o Castelo de São Jorge agita
suas bandeiras saudando o dia glorioso e as casas
rebrilham aliviadas do cinzento...

É duro libertarmo-nos. Mas é tão transformador,
tras-nos tanto! E começarmos a construir, à nossa
volta, como que por osmose, um mundo mais autêntico e
livre.

Ver um rapaz de treze anos dizer-me: "Estou a
descobrir-me a mim próprio e isso é formidável! Sabes,
Mamã, isto é Filosofia!" Sentir o apoio das minhas
filhas adolescentes a verem em mim a coragem que
amanhã elas vão manifestar.

As portas que se fecham... sim. Mas quanta liberdade,
por cada porta que se fecha?

As incompreensões... sim. Mas quanta aprendizagem e
quanta compaixão, ao ver o mundo compactado a partir
do qual os outros se fecham à nossa Verdade?

E o irromper da MAGIA em cada novo momento, os dias
mágicos e luminosos da tomada de consciência,
acarretando consigo todo o seu cortejo de mãos vazias
e corações cheios...

Como deixar testamento desta Felicidade? Como dar a
compreender que, se morresse hoje, teria realizado
tudo? Como partilhar a Perfeição de momentos ÚNICOS?

As pessoas que nada têm criticam os que despertam. Vêm
lama onde só há diamantes e gotas de orvalho. Mas não
conseguem atingir a Beleza do Verdadeiro Amor.

A Luz que hoje se desprende dos nossos olhos é Luz e á
Água e é Mel... Vem do Sol e das Estrelas e escorre
pelas folhas das árvores num tom dourado nimbado
ligeiramente de verde...

Vitória, vitória, canta a VIDA. E o cortejo dos
tristes, dos maldizentes, passa devagar com uma nuvem
chovendo-lhe em cima.

Lisboa acorda brilhante de pureza na manhã de AGORA.

Isabel"



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