sábado, outubro 04, 2003
OS ARTISTAS E O REGRESSO AO ZERO
Regressar à estaca zero, todos os dias, especialmente quando a burocracia toma conta do tempo e do espaço da criatividade, é a única saída possível para que não se tornem, os artistas, servidores fieis de projectos e relatórios e concursos, enfim, para não se tornarem os “mangas de alpaca” do terreno estéril do funcionarismo cultural.
Saber começar do zero é o antídoto seguro contra este terrível destino a que, paulatinamente, nos vamos entregando, embevecidos connosco próprios, com as carreiras, com os dinheiros, com o passado, com os reconhecimentos, com os estatutos, com tudo menos com aquilo que deveria ser o motor das nossas vidas: usar a ferramenta de intervenção que dispomos, a arte, para ajudar a construir o edifício de inteligência, sensibilidade, beleza e verdade, que é uma nova humanidade, livre, equanime, e fraterna.
Não é fácil esta permanente revolução na forma de agir e pensar. A demissão é sempre mais cómoda. Todos os dias vamos abdicando um centímetro das nossas convicções e centímetro a centímetro vamos ficando reduzidos à mediocridade das respostas fáceis, à mediocridade de não fazer perguntas.
Voltar à estaca zero é todos os dias morrer para o que se fez.
Morrer para o “valor” que arrogantes atribuímos ao que fizemos.
Morrer para as projecções do que gloriosos iremos fazer no futuro.
Morrer para o sucesso projectado nas secretárias de todos os escritórios mentais, cheios de livros de deve e haver, cheios de iras armazenadas prontas a fulminar o primeiro ser que tomamos por ameaça.
Morrer todos os dias é afinal a única forma de viver sem nos sentirmos permanentemente ameaçados, inseguros e secos.
Morrer todos os dias e todos os dias nascer é afinal o campo fértil da criação artística.
Regressar à estaca zero, todos os dias, especialmente quando a burocracia toma conta do tempo e do espaço da criatividade, é a única saída possível para que não se tornem, os artistas, servidores fieis de projectos e relatórios e concursos, enfim, para não se tornarem os “mangas de alpaca” do terreno estéril do funcionarismo cultural.
Saber começar do zero é o antídoto seguro contra este terrível destino a que, paulatinamente, nos vamos entregando, embevecidos connosco próprios, com as carreiras, com os dinheiros, com o passado, com os reconhecimentos, com os estatutos, com tudo menos com aquilo que deveria ser o motor das nossas vidas: usar a ferramenta de intervenção que dispomos, a arte, para ajudar a construir o edifício de inteligência, sensibilidade, beleza e verdade, que é uma nova humanidade, livre, equanime, e fraterna.
Não é fácil esta permanente revolução na forma de agir e pensar. A demissão é sempre mais cómoda. Todos os dias vamos abdicando um centímetro das nossas convicções e centímetro a centímetro vamos ficando reduzidos à mediocridade das respostas fáceis, à mediocridade de não fazer perguntas.
Voltar à estaca zero é todos os dias morrer para o que se fez.
Morrer para o “valor” que arrogantes atribuímos ao que fizemos.
Morrer para as projecções do que gloriosos iremos fazer no futuro.
Morrer para o sucesso projectado nas secretárias de todos os escritórios mentais, cheios de livros de deve e haver, cheios de iras armazenadas prontas a fulminar o primeiro ser que tomamos por ameaça.
Morrer todos os dias é afinal a única forma de viver sem nos sentirmos permanentemente ameaçados, inseguros e secos.
Morrer todos os dias e todos os dias nascer é afinal o campo fértil da criação artística.